quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Distanciar-se

Ontem recebi um convite, o de me distanciar, distanciar o olhar das coisas, dos atos, dos feitos, para poder analisá-los de um outro ângulo. Convite este, aparentemente singular, porém que causou um certo estranhamento, afinal, foi uma proposta de deslocamento, e a priori, uma situação difícil, pois, naturalmente procuramos nos localizar, fixar em determinados conceitos e atitudes, e ainda, jamais havia concebido a possibilidade de olhar de mim para mim.

Quando me vi assim por outro angulo e a certa distância, me deparei com uma pessoa que se propôs a dar voltas maiores na vida, até que os seus objetivos principais estivessem maduros. Percebi, na verdade que estes objetivos nunca existiram e que estas " voltas maiores" foram se ainda não são uma fuga. Talvez no ato deste contrato, estava eu um tanto jovem, com medo, incerto das realidades, sem bagagem cultural para questionar, sem argumentos, pronto a abraçar a causa da aparência, ou seja, um olhar fixo no horizonte, peito estufado esbanjando "coragem", a certeza de um campo a desbravar, porém, nitidamente vazio.

O vazio de todo não é uma coisa ruim, se imaginarmos que ele por si só convida ao " preencher-se", ou seja, se esta vazio precisa, e pede um preenchimento, neste sentido, o vazio é impulsionador, impulsionou-me pelo menos.

Aprisionado a está dinâmica de buscar um preenchimento constante, filiei-me as situações cotidianas, que surgiam aos montes, abraçava duas para a parte da manhã, deixava amarrada as da tarde e pendurava ao menos uma para noite, porém mal sabia eu que, pelo contrato, o esvaziamento possuía o mesmo ritmo, e os momentos, fases, situações eclodiriam desta forma, um eterno vazio. Existe aqui um amortecimento conceitual, uma substituição do sentido inicial da fuga por falta de objetivos claros pelo suposto valor de pequenas realizações. È claro que, neste contexto torna-se impossível perceber os caminhos, as trilhas as quais se segue e muito menos há um tempo para desenvolver as próprias.

Um filme inicia-se com um menino vendendo jornais, vidros quebrados, frutas roubadas dos quintais, refrigerante, gás de cozinha, frango de granja, ração, combustível, gerente de caixa, garçom, diretor de teatro infantil, técnico de multimeios, de informática, coordenador de grupo de oração, especialista em marketing, professor das áreas de comunicação e artes, designer de web, Analista do discurso.

De 8 a 37 anos são estas grandes voltas de vida, que percebo foram responsáveis por me per-fazer, se bem ou mal ainda não sei, o que sei é que este convite ao distanciar e ao deslocar-se de si causou um desejo, o desejo de descobrir-me, vencer os medos, criar caminhos mais puros e sóbrios, caminhos para os quais sobrevivi.

Devo aproveitar que não estou de todo vazio, para buscar um caminho que transborde poder e mistério, o poder do amor e o mistério da vida.

Franca, 10 de setembro de 2008.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Michel Pêcheux - (1938-1983)


Michel Pêcheux - (1938-1983): É considerado uma das figuras mais importantes da Análise do Discurso Francesa.

Ele é o fundador da Análise de Discurso que teoriza como a linguagem está materializada na ideologia e como esta se manifesta na linguagem. Ele concebe o discurso, enquanto efeito de sentidos, como um lugar particular em que esta relação ocorre. Pela análise do funcionamento discursivo, ele objetiva explicitar os mecanismos da determinação histórica dos processos de significação. Michel Pêcheux fez seus estudos na Escola Normal Superior de Paris, obtendo seu certificado para ensinar Filosofia em 1963. Em 1966, ele passou a fazer parte do Departamento de Psicologia no CNRS. Partindo de referências teóricas de G. Canguilhem e L. Althusser, Pêcheux reflete sobre a história da epistemologia e a filosofia do conhecimento empírico, visando transformar a prática das ciências humanas e sociais. Focalizando o sentido, que é o nó em que a Lingüística cruza a Filosofia e as Ciências Sociais, Pêcheux reorganiza este campo de conhecimento. Através do confronto do político com o simbólico, a Análise de Discurso que ele propõe, coloca questões para a Lingüística interrogando-a pela historicidade que esta exclui, assim como ela questiona as Ciências Sociais pela transparência da linguagem sobre a qual elas se constroem. Pêcheux compreende o sentido como sendo regrado pelas questões de espaço e tempo das práticas humanas, de-centralizando o conceito de subjetividade e limitando a autonomia do objeto da Lingüística. O discurso é definido como efeito de sentidos entre locutores, um objeto sócio-histórico no qual a Lingüística está pressuposta. Pêcheux critica a evidência do sentido e o sujeito intencional como origem do sentido. Ele considera a linguagem como um sistema sujeito à ambigüidade, definindo a discursividade como a inserção dos efeitos materiais da língua na história, incluindo a análise do imaginário na relação dos sujeitos com a linguagem. Propondo um novo suporte teórico para a ideologia, seu método é baseado na análise das formas materiais. A materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica deste é a língua. O discurso é assim o observatório da relação língua/ideologia. Em termos de discurso, Pêcheux não faz uma distinção estrita entre estrutura e acontecimento, relacionando a linguagem a sua exterioridade. Estabelece a noção de interdiscurso, que ele define como memória discursiva, um conjunto de já-ditos que sustenta todo dizer. De acordo com este conceito, as pessoas estão filiadas a um saber discursivo que não se aprende mas que produz seus efeitos através da ideologia e do inconsciente. O interdiscurso está articulado ao complexo de formações ideológicas: alguma coisa fala antes, em outro lugar, independentemente. De acordo com Pêcheux as palavras não têm um sentido ligado a sua literalidade; o sentido é sempre uma palavra por outra, ele existe em relações de metáfora (transferência) que se dão nas formações discursivas que são seu lugar histórico provisório. A leitura (escuta) proposta por Pêcheux expõe o olhar leitor à opacidade do texto, objetivando a compreensão do que o sujeito diz em relação a outros dizeres. Criticando a análise de conteúdo, o psicologismo e o sociologismo, Pêcheux é um herdeiro não subserviente do Marxismo, da Lingüística e da Psicanálise, em sua Análise de Discurso que explicita as relações entre sujeito, linguagem e história. Com sua posição Michel Pêcheux, cria uma nova teoria com um novo objeto: o discurso. Ele consegue assim produzir o que propunha: uma mudança de terreno nos estudos da linguagem que afeta, ao mesmo tempo, o território das ciências humanas e sociais. Pós- saussuriano e pós-estruturalista, ele re-introduz a noção de sujeito e de situação, sem estacionar na análise de conteúdo, e fazendo intervir a noção de acontecimento junto a de estrutura. Elabora assim uma teoria não subjetiva de sujeito e sustenta a análise na relação do real da língua e no real da história. Sua contribuição para o campo das ciências da linguagem é justamente a que consegue trabalhar a questão do sentido na contradição que opõe o formalismo ao sociologismo.
Um texto muito didático achei conviniente divultar este trablalho, pois expõe com clareza e tranquilidade os princípios da AD francesa e Pêcheux

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Visitas e Comentários

Quanto na verdade importa a um blogueiro as visitas e os comentários?

Me parece que, a realidade é de muitas visitas e poucos comentários, será isso uma situação geral?

Assumo, visitei vários blogs hoje, li e vi várias coisas interessantes, mas não comentei...

Como este assunto te afeta? Tem alguma dica?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O discurso, o sujeito e a História em A Arqueologia do Saber

O discurso, o sujeito e a História em A Arqueologia do Saber
Foucault e Pêcheux na Análise do Discurso – Diálogos e Duelos
Maria do Rosário Gregolin

...Foucault traz com efeito a centralidade da relação entre práticas discursivas e a produção histórica dos sentidos.Ele quer afirmar que o objetivo do método arqueológico é definir não os pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nos discursos, mas os próprios discursos, enquanto práticas que obedecem a regras.
A arqueologia procura apanhar o sentido do discurso em sua dimensão de acontecimento: cada palavra, cada texto, por mais que se aproxime de outras palavras e textos, nunca são idênticos aos que o precedem.

Trata-se de investigar “porque determinado enunciado apareceu e nenhum outro em seu lugar”, isto é, porque tal enunciado é um acontecimento na ordem do saber. Por isso, é preciso afastar categorias tranqüilizadoras – que dão uma aparente unidade e continuidade.

A DESCONTINUIDADE é, ao mesmo tempo, conceito, operação deliberada e resultado de descrição. Instrumento e objeto de pesquisa, ela permite ao historiador transformar os documentos em monumentos.

A discussão do conceito de “história” e sua relação com o método arqueológico é central em A Arqueologia do Saber, e dessa articulação derivam seus principais conceitos ligados à teoria do discurso:

a) a noção de acontecimento discursivo: O afastamento de noções utilizadas pela História tradicional (continuidade, linearidade, causalidade, soberania do sujeito) e a afirmação dos conceitos da “nova História” (descontinuidade, ruptura, limiar, limite, série, transformação) estão na base da proposta foucaultiana para análise do discurso...
Foucault propõe entender os acontecimentos discursivos que possibilitam o estabelecimento e a cristalização de certos objetos em nossa cultura....enxerga no enunciado, uma articulação dialética entre singularidade e repetição: “de um lado, ele é um gesto; de outro, liga-se a uma memória, tem uma materialidade; é único mas está aberto à repetição e se liga ao passado e ao futuro.”

b) o conceito de enunciado: Pensando-o como uma função, Foucault descreve o enunciado a partir de oposições com outras unidades – frase, proposição, atos de fala ...
Foucault mostra que o que torna uma frase, uma proposição, um ato de fala em enunciado é justamente a função enunciativa: o fato de ele ser produzido por um sujeito em um lugar institucional, determinado por regras sócio-históricas que definem e possibilitam que ele seja enunciado.
...pois entre o enunciado e o que ele enuncia não há apenas relação gramatical, lógica ou semântica; há uma relação que envolve os sujeitos, que passa pela História, que envolve a própria materialidade do enunciado.

c) a formação discursiva: sendo o enunciado dialeticamente constituído pela singularidade e pela repetição, a sua análise deve, necessariamente, levar em conta a disperção e a regularidade dos sentidos que se produzem pelo fato de terem sido realizados.
“ Sempre que se puder descrever, entre um certo número de enunciados, semelhante sistema de dispersão e se puder definir uma regularidade ( uma ordem, correlações, posições, funcionamentos, transformações) entre os objetos, os tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas, teremos uma formação discursiva”

Foucault propõe que as dimensões próprias do enunciado sejam utilizadas na demarcação das formações discursivas...

...a conceituação tem caráter teórico-metodológico e institui o território da História como campo das formações discursivas: nelas se encontram o discurso, o sujeito e o sentido...

Todas estas questões deveriam me ajudar a compreender as práticas discursivas que irrompem dos enunciados dos blogs educativos, e assim responder ou compreender melhor o “sujeito professor” atravessado pelas maneiras de interagir exigidas nos meios tecnológicos de informação e comunicação do mundo atual.
O que realmente surge de novo nestas práticas em função do dinamismo acentuado do mundo midiático, mas precisamente do ciberespaço?

O que ciberespaço? E mundo midiático?

Hei, viajante! Pode me ajudar?
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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

As Palavras e as Coisas

As Palavras e as Coisas: A Arqueologia das Ciências Humanas (1966)Foucault e Pêcheux na Análise do Discurso: Diálogos e Duelos
Maria do Rosário Gregolin

...analisar o acontecimento discursivo, isto é, tratar os enunciados efetivamente produzidos, em sua irrupção de acontecimento, a fim de compreender as condições que possibilitaram a sua emergência em um certo momento histórico.

... o acontecimento discursivo obedece a uma combinação de regras, que constituem o arquivo, e que determinam as condições de possibilidades de sua aparição.
A análise arqueológica busca o emaranhado de fatos discursivos anteriores a um acontecimento que, ao mesmo tempo, o explicam e o determinam...

A tese principal de “As palavras e as coisas” é que as ciências humanas (compreendidas como discursos) articulam-se sobre um conjunto de outros discursos que lhes deram a possibilidade de nascerem...

Os três momentos do homem como objetos de estudos, levantados por Foucault:
a) Idade da similitude: até o século XVI, as relações entre as palavras e as coisas eram marcadas pela semelhança, igualando magicamente palavra e coisa – pensava-se em uma ação mágica sobre o mundo, através das palavras;
b) Idade da representação: “No começo do século XVII, o pensamento cessa de se mover no elemento da semelhança”(1966ª, p. 75). Essa nova episteme busca sua fundamentação na representação;
c) Idade da interpretação: No século XIX, as idéias de finitude e de historicidade abrem possibilidade de tematizar o homem como objeto do conhecimento. “Cala-se a plenitude clássica do ser” (1966ª, p. 364) e instaura-se a era da interpretação. ...linguagem e discurso ocupam seu lugar na ordenação dos saberes.

...nosso saber (a idade clássica) inicia-se com a mutação na forma de conceber a relação entre as palavras e as coisas......Inicia-se, então a busca de ordenação desse mundo em que a semelhança desapareceu...

È o nascimento do homem como sujeito histórico que fará irromper a possibilidade de ele tornar-se sujeito de conhecimento......
Assim, diferente da idade clássica, que pensava o conhecimento como produto, e, portanto, infinito, a modernidade descobre que nada está acabado, tudo está sempre se transformando com os movimentos da História.

Para Foucault, as práticas discursivas são intermediarias entre as palavras e as coisas, a partir das quais se pode definir o que são as coisas e situar o uso das palavras. (...)

Estas questões a cerca destes relacionamentos entre as “Palavras e as coisas” posicionam o indivíduo em seu saber, portanto, vincula-se com a evolução deste indivíduo como sujeito, que em processo de continuidade, chega aos tempos pós-modernos inacabado e atravessado por ideologias, portanto, assujeitado e heterogêneo.Quero entender melhor está relação, para poder falar em “ práticas identitárias” do sujeito professor no meio midiático, liquido e pós-moderno, de certo, encontrar com meus próprios atravessamentos ideológicos, preconceitos e limitações teóricas, que neste instante são motivadores desta busca, deste estudo, da pesquisa.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

De onde vem este medo?


CONTINUAÇÃO - PÓS-MODERNIDADE E CONHECIMENTO: educação, sociedade, ambiente e comportamento humano (Ernâni Lambert, Humberto calloni, Maíra Baumgarten, Ivalina Porto)


“...Na ótica da globalidade, o Estado-Nação está em declínio porque novas formas de poder estão sendo estabelecidas.


Através de uma visão de criticidade, deverá estar novos modos de pensar, ler o mundo, gerar conhecimento e conduzir o processo ensino-aprendizagem.
Considera que há multicamadas de interpretar a realidade e que a dúvida é condição indispensável para a reflexão.


Observa-se que há uma reviravolta na concepção de ciência e no conceito de verdade; uma tendência para a indeterminação; uma ameaça aos valores da cultura humanista; um reforçado aumento no grau de fragmentação, pluralismo, ecletismo e individualismo; isso ocorre, principalmente, em virtude das mudanças ocorridas no trabalho e na tecnologia.


Os efeitos perversos do não cumprimento das “ promessas da modernidade”São promessas de: igualdade, fraternidade, justiça, direitos humanos, liberdade e paz.


O mundo vive uma preocupação exagerada com o progresso. A pobreza e a exclusão se espalharam por todos os continentes, atingindo mais a população com menos escolaridade. A exclusão social, inverso de integração social, é produto de construção social. Tem múltiplas causas e pode afetar o cidadão econômica, política, social, educacional, digital e culturalmente. Conforme Dupont e Ossandon, “ o homem subverteu profundamente o seu ambiente graças à tecnologia, mas, em retorno, a tecnologia, modificou, no ser humano, as maneiras de agir, de pensar e de entrar em contato com o mundo”(1998:107)...”


O ser humano é hoje inflado pelas TICs (tecnologias de informação e comunicação). Acredito que o ser humano assimila tudo a sua volta, de forma consciente ou não, e que de alguma forma macera, aprimora, exclui, agrega, transforma este “tudo” em expressões do viver, assim, nos flashs comunicacionais temos uma mídia relata mais a violência e o caos mais do que qualquer coisa, então como poderemos viver sem medos e nos concentrar na construção de seres-humanos mais otimistas, versáteis e evoluídos?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um parênteses nos temas – RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

Na Universidade de Verão deste ano (2008), ministrei uma oficina intitulada “ BLOGS E INTERNET” que, basicamente relatou a história, a importância e as transformações que as TICs vêem ocasionando na vida dos indivíduos. No entanto, o mais interessante é que foi possível medir alguns fenômenos que ocorrem.
Na dinâmica da oficina, estava previsto que os alunos dessem uma “BLOGADA”, para tanto, utilizamos uma ferramenta desenvolvida na própria universidade e construímos um blog colaborativo. Os indivíduos podiam escolher e criar suas áreas e definir o que gostariam de blogar. Até aqui sem novidades, porém numa segunda fase, cada aluno deveria escolher aleatoriamente 03 áreas (blogs) para comentar o post, o resultado foi o seguinte, desta pequena comunidade de alunos iniciantes (30);

- Dos blogs mais acessados e comentados, seus criadores relataram que agiram com honestidade e pegaram assuntos que estavam em alta, na moda.
- Outros relataram que usufruíram da relação com os amigos para alavancar seus acessos
- tivemos a seguinte estatística: foram 67 comentários, sendo que, os mais votados tiveram 08 e 07 e ficaram na "crista da onda" nos acessos. Os demais comentários ficaram na faixa dos 5, 3, 2,1 e nenhum.

Alguns pensamentos e questionamentos:
Porque uns foram mais procurados e blogados, se todos tinham as mesmas condições?
Porque as pessoas blogam?
Porque é tão eclética a busca pela tecnologia e o expressar-se
Quais são as preocupações de quem bloga?
Será que a sensação de imersão é geral?
Quais as conseqüências?

Resolvi relatar esta experiência porque de tão simples veio a confirmar algumas teorias que tenho estudo sobre as transformações causadas pelo advento das tecnologias de comunicação.Caso queria conferir o resultado é só acessar: WWW.unifran.br/blog/univerao/

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

a Cultura, com maiúscula, é substituída por culturas, no plural


PÓS-MODERNIDADE E CONHECIMENTO: educação, sociedade, ambiente e comportamento humano (Ernâni Lambert, Humberto calloni, Maíra Baumgarten, Ivalina Porto)


Pós-modernidade e educação (Ernâni Lampert)


“... Da antigüidade à contemporaneidade, medos, incertezas, crises, epidemias, misérias, atrocidades, guerras, catástrofes, conflitos étnicos, ideológicos e religiosos, bem como progressos em todos os campos acompanham o homem, que entrou vazio e inseguro no terceiro milênio, apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos...


...A modernidade, enquanto momento histórico refere-se à etapa suscitada pela revolução Industrial Na Inglaterra, pela Revolução francesa e pela influência exercida pelo raciocínio científico, que emergiu do iluminismo, intencionando organizar racionalmente a vida social...
...O discurso da pós-modernidade oferece uma série de dificuldades específicas que obrigam a aceita-lo como algo fragmentado, contraditório e incompatível...


... os pós-modernos confiam na heterogeneidade e na diferença; afirmam a fragmentação de experiências; enfatizam a existência de micro poderes capilares no interior da sociedade e consideram ilusórios o poderio do Estado e a dominação de classe...


...para Gomes, " O mundo pós-moderno é descentralizado, dinâmico e pluralista..."


Para que possamos refletir e reconhecer os impactos que sofremos, separei as seguintes afirmações;


"... a Cultura, com maiúscula, é substituída por culturas, no plural..."

"Como fazer falar o silêncio sem que ele fale necessariamente a linguagem hegemônica que pretende fazê-lo falar?"
"...O impacto tecnológico provocou mudanças na forma de como o saber era produzido, distribuído e legitimado"

"A fonte de todas as fontes se chama informação. A riqueza de uma potência não se da mais, unicamente, pela abundância de matéria-prima, e sim pela quantidade/ qualidade de informação técnico-científica"
"Descobriu-se que a razão não é onipotente; que a ciência não é absoluta: que a verdade é relativa e questionável e que qualquer discurso universalizante, que não considerar a diversidade entre as culturas, raças, linguagem, credos religiosos e ideológicos, tende a ser rejeitado..."


Hoje, com nossos usos e participação nas chamadas TICs, nos sentimos como se tivéssemos descoberto algo novo e libertador, tudo porque, fazemos parte destas transformações, levamos e nos deixamos levar, um "teclar", um impulso, antes medido, pensado, avaliado, hoje, pulsa solto com milhares de milhões que transitam nos cabos de fibra óptica - temos que nos atentar para o momento pós-moderno não impregnar.


Pós-modernidade blogada, e ai você não se acha pós-moderno demais?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Identidade antes que tardia...


Hoje em dia, com tantas coisas que falamos e pensamos sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação, podemos falar em identidade? Qual seria as identidades que nos aproximam ou afastam? Como colaboramos para a criação da identidade?
Assim, podemos nos juntar a milhões de estudiosos e pesquisadores, para refletir sobre identidade.
Comente, post sua opnião, podemos esquentar esta discussão sabia?
Assim, que seja " Blogada" a identidade...








quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

a emancipação da identidade


Ao completar da natureza em movimento e transformação, temos uma obra de arte, ‘O Grito”de Edvard Munch, uma das interpretações possíveis é a do indivíduo que se reconhece como um mutante e parte desta natureza, dai um grito desesperado de várias sensações e sentimentos.Hoje, com este movimento e evolução das TICs, há várias especulações tanto positivas quanto negativas das conseqüências das transformações individuais e coletivas desta acoplagem homem-máquina e um assunto peculiar deste meio é a questão da identidade, por isso trouxe para este espaço alguns tópicos, parágrafos deste texto que releva algumas questões sobre este assunto.


“ não pire escreva”


PRÁTICAS IDENTITÁRIAS

Língua e Discurso

Izabel Magalhães, Marisa Grigoleto, Maria Jose Coracini


A escola tem papel central na realização das mudanças necessárias às novas exigências tecnológicas. E fundamental, em qualquer sociedade, que o indivíduo aprenda nas instituições escolares a se defender, conscientemente e de modo crítico, das influências, nefastas ou não, que atuam por meio das novas práticas discursivas instituídas pelo uso do computador.
As principais alterações que a nova tecnologia traz para a formação das identidades decorrem da mudança do que tradicionalmente entendíamos por tempo e espaço. A compressão espaço-temporal permite ao sujeito estar simultaneamente em espaços diferentes, a chamada bilocação. Essa alteração funciona no sentido contrário à concepção situada, local do sujeito estigmatizado dos grupos não politizados de tradição oral, ou seja, dos excluídos digitais, grupo majoritário no país.


Essa possibilidade agrega super poderes ao sujeito contemporâneo: a modalidade e o livre trânsito, livre das amarras sociais, de contornos geográficos e da estratificação, por essa espécie de paraíso cibernético, certamente conferiria certa onipotência ao sujeito.


... a separação capital-trabalho e a diferença entre aquele que transita livremente pelo espaço cibernético e aquele amarrado ao seu espaço-tempo local se acentua mais.


... a emancipação da identidade – o sujeito livra-se não só da noção de espaço, de tempo como também da noção de território. Para Milton Santos, o computador mede e controla o tempo multiplicando-o de modo potencial, segundo o usuário, seja ele empresa, grupo social ou pessoa, ao mesmo tempo que o contagia e reduz.


... o sujeito liberta-se do físico, adquirindo certa incorporeidade, também manifestada no evitamento de contato pessoal e na separação promovida pela tecnologia.


...a capacidade de os sujeitos desvincularem-se do local para se ligarem ao global sob o efeito da velocidade com que lidam com as TIC, como a Internet, pode torná-los descompromissados de qualquer problema local, pois a qualquer momento ele pode se mover para outro lugar sempre que esse se torne inóspito e pouco favorável aos seus propósitos.


... a natureza bipartida da expressividade do indivíduo na construção do self: Ele impressiona por meio do que comunica (verbalmente ou não) e pelo que emana, intencionalmente ou não, como ator na cena que se desenrola.


...A interação é possível porque cada participante espera do outro que respeite e mantenha um acordo superficial, um “ consenso operacional” que define a situação em curso, que o indivíduo infere do discurso, tornando-o aceitável aos demais participantes.


...os MUDs não somente são lugares em que o self é múltiplo e construído pela linguagem, mas também eles são lugares em que as pessoas e máquinas estão em uma nova relação com a outra, desincumbidos dos acordos de ordem moral que as projeções face a face na interação presencial.
...estamos entrando num mundo novo da interação, ainda a ser moldado pelos sujeitos nas suas singularidades e nas suas historicidades...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Os blogueiros são as mesmas pessoas

“Os blogueiros são as mesmas pessoas que eram há alguns anos. Mas hoje eles não precisam convencer ninguém a ter o direito de convencer alguém....O blog é apenas um novo modo de transmitir essa escrita, um meio que ignora completamente todos os editores.O público é o editor...”Blog: Entenda a revolução (Hugh Hewit – ed Thomas Nelson Brasil)

Hoje, no calcar da leitura deste livro sobre a revolução blogueira, onde HEWIT é um famoso jornalista político no EUA, e descrever os fenômenos dos blogs neste sentido, a frase “ Os blogueiros são as mesmas pessoas que eram há alguns anos” me intrigou. Como assim “eram”?No entanto, um pouco mais a baixo retrata a libertade de ser blogueiro... Liberdade?E para misturar um pouco mais, tentei me encontrar nos textos da Grigoletto que trata das práticas identitárias , onde “ parte do pressuposto teórico de que as identidades são construções social e culturalmente situadas, em oposição a uma suposta essência subjetiva que engendraria a identidade de cada indivíduo. Como conseqüência dessa construção social, entende-se que as identidades são formadas na relação inescapável e necessária com a alteridade” E ainda..“... faceta que muda a cada instante em que o sujeito efetivamente diz o que tem a dizer”(SOUZA)Então, misturando tudo todo mundo pode estar certo e completamente errado.Gente! Sinceramente preciso de ajuda.

Talvez HEWIT, se expresse no sentido de demonstrar a fidelidade do blogueiro, das pessoas que criaram o hábito de blogar e que uma das motivações é a questão de não ter que pedir permissão a ninguém, no entanto, sua colocação fica um pouco contraditória quando afirma “ O público é o editor”, pois se isto for verdade, somos “ assujeitados de alguma forma a ele e por ele.Assim ocorre a alteridade descrita por Grigoletto como conseqüência das construções sociais e da suposta essência subjetiva que elabora a identidade dos individuas. Tudo é móvel e volátil, e como diria BAUMAN : É LIQUIDOPor isso, que em um sentido mais amplo, o blogueiro que começou este texto já não é o mesmo que o encerra...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

AS TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA. Ahhhh???

Algumas leituras realmente me fazem refletir e por isso trouxe para este espaço alguns fragmentos do livro As Tecnologias da Inteligência de Pierre Lévy, que aponta algumas cincunstâncias geradoras das tranformações e esboça um pensamento otimista quanto ao resultado da evolução do coletivo frente aos avanços das tecnologias que para Lévy não são apenas informacionais são intelectuais.No entanto gostaria de ter uma boa pergunta para poder investigar a relação destas tranformações com a constituição das identidades neste consciente, incosciente coletivo...

AS TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA – O futuro do pensamento na era da informática (Pierre Lévy)

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada.

O século XX só elaborou reflexões profundas sobre motores e máquinas operatrizes, enquanto que a química, os avanços da impressão, a mecanografia, os novos meios de comunicação e de transporte, a iluminação elétrica transformaram a forma de viver dos europeus e desestabilizaram os outros mundos.

É certo que a escola é uma instituição que há cinco mil anos se baseia no falar/ditar do mestre, na escrita manuscrita do aluno e, há quatro séculos, em uso moderado da impressão.
Ora, tentarei mostrar neste livro que não há informática em geral, nem essência congelada do computador, mas sim um campo de novas tecnologias intelectuais, aberto, conflituoso e parcialmente indeterminado.

Ao desfazer as ecologias cognitivas, as tecnologias intelectuais contribuem para fazer derivar as fundações culturais que comandam nossa apreensão do real.
O que acontece com a distinção bem marcada entre o sujeito e o objeto do conhecimento quando nossos pensamento encontra-se profundamente moldado por dispositivos materiais e coletivos sociotécnicos?

Ao desenvolver o conceito de “ ecologia cognitiva, irei defender a idéia de um coletivo pensante homens-coisas, coletivo dinâmico povoado por singularidades atuantes e subjetividades mutantes, tão longe do sujeito exangue da epistemologia quanto das estruturas formais dos belos dias do “pensamento 68”( "esquerda heideggeriana francesa")

Quanto valeria um pensamento que nuca fosse transformado por seu objeto? Talvez escutando as coisas, os sonhos que as precedem, os delicados mecanismos que as animam, as utopias que elas trazem atrás de si, possamos aproximar-nos ao mesmo tempo dos seres que as produzem, usam e trocam, tecendo assim o coletivo misto, impuro, sujeito-objeto que forma o meio e a condição de possibilidade de toda comunicação e todo pensamento.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Pinturas nas cavernas, mídia impressa e os blogs

Os blogs surgiram em agosto de 1999 com a utilização do software Blogger,da empresa do norte-americano Evan । O software fora concebido como uma alternativa popular para publicação de textos on-line, uma vez que a ferramenta dispensava o conhecimento especializado em computação। A facilidade para a edição,atualização e manutenção dos textos em rede foram – e são – os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão.A ferramenta permite, ainda, a convivência de múltiplas semioses, a exemplo de textos escritos, de imagens (fotos, desenhos, animações) e de som (músicas, principalmente).

Mas, o que nos interessa é o que esta evolução transforma no indivíduo e na sua maneira de se posicionar socialmente.

As pinturas das cavernas feitas por nossos ancestrais nômades imprimem a identidade do homem primitivo e suas sensibilidades, são informações postadas de caverna em caverna, marcam território, estabelecem a história, divulgam o conhecimento.
A interação daquela época podia durar meses ou até anos, hoje, em milésimos de seguntos podemos ter, nas palavras de Hugh Hewitt, uma infestação.

A palavra que talvez devessemos refletir - infestação.

Acontecimentos e idéias

"Há acontecimentos e idéias. Acontecimentos são ocorrências concretas. Idéias não" (BLOG: Entenda a revolução - Hugh Hewitt, pag 118)

Hoje em dia, falamos em ciberespaço, união das mídias, web 2.0, isso quando queremos resumir o avanço tecnológico e suas transformações na vida das pessoas do mundo inteiro.
O indivíduo, mais uma vez procura desesperadamente pertencer, busca uma identidade.Este sentimento de pertença agrega o de segurança, atualidade, tecnicidade. Os blogs permitem uma interação, um contato com a informação, com a idéia e com o acontecimento que não é hegemônico, permite expressões das mais grotescas as mais áureas. Este blog tem a pretensão de postar temas e resenhas que enriqueçam o conhecimento sobre ele mesmo...

Mauricio Valentini