quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

a emancipação da identidade


Ao completar da natureza em movimento e transformação, temos uma obra de arte, ‘O Grito”de Edvard Munch, uma das interpretações possíveis é a do indivíduo que se reconhece como um mutante e parte desta natureza, dai um grito desesperado de várias sensações e sentimentos.Hoje, com este movimento e evolução das TICs, há várias especulações tanto positivas quanto negativas das conseqüências das transformações individuais e coletivas desta acoplagem homem-máquina e um assunto peculiar deste meio é a questão da identidade, por isso trouxe para este espaço alguns tópicos, parágrafos deste texto que releva algumas questões sobre este assunto.


“ não pire escreva”


PRÁTICAS IDENTITÁRIAS

Língua e Discurso

Izabel Magalhães, Marisa Grigoleto, Maria Jose Coracini


A escola tem papel central na realização das mudanças necessárias às novas exigências tecnológicas. E fundamental, em qualquer sociedade, que o indivíduo aprenda nas instituições escolares a se defender, conscientemente e de modo crítico, das influências, nefastas ou não, que atuam por meio das novas práticas discursivas instituídas pelo uso do computador.
As principais alterações que a nova tecnologia traz para a formação das identidades decorrem da mudança do que tradicionalmente entendíamos por tempo e espaço. A compressão espaço-temporal permite ao sujeito estar simultaneamente em espaços diferentes, a chamada bilocação. Essa alteração funciona no sentido contrário à concepção situada, local do sujeito estigmatizado dos grupos não politizados de tradição oral, ou seja, dos excluídos digitais, grupo majoritário no país.


Essa possibilidade agrega super poderes ao sujeito contemporâneo: a modalidade e o livre trânsito, livre das amarras sociais, de contornos geográficos e da estratificação, por essa espécie de paraíso cibernético, certamente conferiria certa onipotência ao sujeito.


... a separação capital-trabalho e a diferença entre aquele que transita livremente pelo espaço cibernético e aquele amarrado ao seu espaço-tempo local se acentua mais.


... a emancipação da identidade – o sujeito livra-se não só da noção de espaço, de tempo como também da noção de território. Para Milton Santos, o computador mede e controla o tempo multiplicando-o de modo potencial, segundo o usuário, seja ele empresa, grupo social ou pessoa, ao mesmo tempo que o contagia e reduz.


... o sujeito liberta-se do físico, adquirindo certa incorporeidade, também manifestada no evitamento de contato pessoal e na separação promovida pela tecnologia.


...a capacidade de os sujeitos desvincularem-se do local para se ligarem ao global sob o efeito da velocidade com que lidam com as TIC, como a Internet, pode torná-los descompromissados de qualquer problema local, pois a qualquer momento ele pode se mover para outro lugar sempre que esse se torne inóspito e pouco favorável aos seus propósitos.


... a natureza bipartida da expressividade do indivíduo na construção do self: Ele impressiona por meio do que comunica (verbalmente ou não) e pelo que emana, intencionalmente ou não, como ator na cena que se desenrola.


...A interação é possível porque cada participante espera do outro que respeite e mantenha um acordo superficial, um “ consenso operacional” que define a situação em curso, que o indivíduo infere do discurso, tornando-o aceitável aos demais participantes.


...os MUDs não somente são lugares em que o self é múltiplo e construído pela linguagem, mas também eles são lugares em que as pessoas e máquinas estão em uma nova relação com a outra, desincumbidos dos acordos de ordem moral que as projeções face a face na interação presencial.
...estamos entrando num mundo novo da interação, ainda a ser moldado pelos sujeitos nas suas singularidades e nas suas historicidades...